Friday, September 26, 2008

Quem?

Qual eu? Meu eu. Eu?
Eu quem? Eu-eu ou eu-eu?
Eu-Eu? Eu? eu?
eU? EU?
como?
nós
É, talvez nós seja
sempre melhor.

Sim, alguns homens perseguem o mito de Hércules, outros o de Sócrates, outros ainda de Platão ou Aristóteles. Mitos! Mitos!

Prefiro Hércules a Zeus,
cabras a pastores
ovelhas a rebanhos
prefiro a sorte à morte
e a morte à Deus.

Não nos atropelem
não se atropelem
não atropelemo-nos... nos... nos...

nestes rios de âmbar.

Sunday, September 14, 2008

NO MATO
Quanto maior o silêncio, mais se escuta.

NO RIO
Quanto mais escuro, mais se vê.

Uma noite em 2006

Certa vez escrevi sobre o ano-novo, e de como uma noite pode ser memorável. Agora, basta esta noite para valer-me o eterno-retorno.


(***)


Esperar o mal do mundo é como esperar toda noite que os cães se matem no jardim.


(***)


O bem e o mal se somam, e estão nas coisas do mundo.
Não são, e nem poderiam ser, coisas isoladas.
O que é o ímã?


(***)


O ímã me parece o mais apropriado estereótipo para a moral. Cada pólo não existe sem o pólo oposto. Essa relação é mais comum do que se pensa, e talvez seja universal entre os adjetivos.

Novos tempos...

Somos primatas neotênicos -- grandes cabeças pra tão pouca responsabilidade.
Somos infantis e carniceiros -- ninguém amadurece apesar da idade.
Vivemos à frente deste tempo
mas pra que a pressa? se não se preza a juventude?
Amanhã será outro dia
e, mais uma vez, vencerá o mais rude
-- por que todo mundo se ilude?

Tuesday, September 09, 2008

A quem fica

Não tenho medo da morte, nem sei se tive. Não é esta que outros chamam "passagem" uma das raras coisas certas neste mundo? Quando nem mesmo o próprio mundo pode dar-se por certo! Não, não tenho. Nunca tive. Um dia se há de morrer, não é? E, quando chegar o dia, vou olhar para trás e pensar comigo mesmo (talvez já esteja fraco pra dizer em voz alta, ou quem sabe não estarei sozinho?); pensarei olhando para trás, no passado: vivi cada dia no presente, amei e desamei, traí e fui traído, sorri e chorei, aprendi e ensinei, que mais há para se fazer?

Não sou desses que dá à morte nomes pitorescos, suaves, hiperbólicos - passagem, transmigração, reencarnação. Aos meus ouvidos tais ........ soam covardes, como se a falta de coragem de fazer em vida o que se quis impusesse a necessidade de outra chance. Mas os anos passam... e a juventude que se transforma em maturidade chora o que não foi, e que se torna a cada ano mais improvável. Dessa forma choramos sonhos não alcançados, em vão. Se em vão, o melhor é não chorar. O melhor acordo que podemos fazer com o tempo é vivê-lo, navegar os altos e baixos dessa jornada com a destreza de um bom capitão, adquirindo experiência a cada viagem, aprendendo a evitar os rochedos e parando nas praias ensolaradas onde nos recebem com alegria e festas.

Quando o barco, por fim, começar a afundar, chamarei minha tripulação para a derradeira festa, para enchermos as canecas enquanto a água invadir os porões, e brindarmos e bebermos enquanto houver energia -- até que o Sol olhe para baixo e reconheça que jamais houve nesta terra criaturas que com tanto apego viveram, e com igual desapego morreram.