Monday, October 20, 2008

Em algum lugar

Os homens em geral querem estar onde há mulheres; as mulheres também, exceto quando perdidamente apaixonadas, adoram conversar entre outras mulheres. Apenas eu, e alguns que de alguma forma comigo se assemelham, preferimos os lugares onde as mulheres não estão. E de que gêneros são esses lugares, esses templos de Adônis? Locais ermos, de difícil acesso, como o mar e o espaço. Não que não sejam também navegados por valorosas fêmeas; apenas que não é comum encontrarmos mulheres distraídas, solitárias e desocupadas à beira de tais paisagens. Bordas de precipícios, colinas íngremes, topos de árvores e morros. Ou então a mata, o meião, lá no centro, onde o filho chora e a mãe não escuta, onde estamos na beira do abandono, fácil perder-se, você olhando o mundo físico e biótico - tudo que não é humano - como nunca viu tão de perto. Deixa de ser uma vitrine para se tornar seu continente, Ligado à Terra. A Terra, Gaia, minha Deusa, como não deixo de adorar o Deus-Sol, e todas as estrelas, que podem também ser, e muito provavelmente o são, deuses de outros povos. Louvo hinos às orquídeas e aos papagaios, às musáceas, constelações e botos, ariranhas e peixes-bois. Toda criatura que por si existe tendo vindo de um longo e interligado processo de cópia, cego, aleatório e, no entanto, criativo. Seleção natural. Crença, para os que não entendem. Todos nós, filhos do vento... Ha, ha, ha - que alegria viver!

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