Discurso
Enquanto falava as bocas e os olhares piscavam na minha direção. O auditório não estava cheio, mas havia gente na oitava fila. Enquanto falei, muitos assistiram, alguns perguntaram e eu respondi de acordo. Um gordo da primeira fila ajudou nas respotas, ele que conhece bem a região. Geralmente é assim, a gente vai caminhando e as pessoas ajudam. As pessoas são solidárias. Por que parece preciso escrever isso? Será talvez porque o mundo não é? Solidariedade é um conceito e tanto! Onde terá surgido, quando pensamos evolutivamente? E se pensarmos neurologicamente? E segundo a interpretação de Oscar Magrini? Ou a do Papa? De Roberto Carlos ou Jesus Cristo, talvez? Porque segundo a minha, deixe-me ver, pensando bem, hoje eu vi coisas que me agradaram. Se eu pensar mais um pouco eu posso achar que não vejo essas coisas todos os dias, atos de hospitalidade, de respeito, solidariedade mesmo; mas vejo, sim. Então o mundo não vai assim tão ruim, e acho que deveríamos acreditar um pouco mais nisso. Maldita TV e seus noticiários de guerras do outro lado do planeta, de mísseis invadindo minha sala de estar, durante a janta. (O Houaiss registra janta como um, como se diz? vocábulo? um substantivo feminino de uso informal. Será que só se diz em casa, no aconchego do lar? Se eu for a um restaurante pedir o que tem na janta ou qual é a janta o garçom me corrigirá?- Garçom, a janta está fria!
E o garçom friamente:
- Jantar, senhor.
Eu janto sim, como a janta com vontade, aliás, a que minha mãe fazia era louvável, digo, é ainda, eu é que não moro mais lá. Ô vontade de comer um trem que minha mãe fazia! Vaca atolada. Estar morando longe de casa tem um mar de coisas, mas não tem a vaca atolada da minha mãe...)
A noite foi feita para uma luz que pisca, uma estrela, um aparelho televisor. Está inscrito não nas estrelas, mas no nosso genoma humano, naquele livro que os geneticistas abriram, eles dizem, mas que não leram ainda muita coisa, está lá escrito: a noite foi feita para uma luz que pisca, uma estrela, um aparelho televisor.
A graça de nosso povo reside naquele sorriso educado e jovial, algo maroto, saudável e franco, de quem sabe a música toda da propaganda.
Eu gosto muito mesmo é de caixa d'água. Toda caixa d'água, como tende a ser alta, é um lugar ótimo pra trepar e olhar a vista lá do alto. Quando guri eu gostava de trepar em goiabeira, embora até hoje não goste de goiabas. Goiabada, sim, e com casca, mas goiaba não vejo graça. Olhe que não tenho nada contra, não me entenda mal, não tenho preconceito, nem pós-conceito, nem nada politicamente incorreto, não, é mentira! Me solta! Ei! POW! Ai minha orelha, caralho, sai fora!............................................ai......................................ui.................pronto... foram-se.
Sim, goiabada. E o queijo minas então? Molinho, meio aguado, e macio. Bem alto e redondo, e branco também. Com aquele quadriculado em cima da marca imagino do que eles usaram pra achatar ele daquele jeito. Como será? Lembro do gosto, minha boca chega a aguar...
E o refrigerante Real? Guaraná Real? O melhor da Amazônia!
- desculpe, não podia fazer propaganda?
Por que as pessoas não têm muita paciência com quem fala bobagem? Tem bobagem repetitiva e bobagem original. Tem umas meninas que gastam tanto tempo em serem sérias que parece que não riem nunca, só das bobagens sem criatividade que os outros falam, geralmente o namorado. Ou as amigas e os amigos mais íntimos. Depois os conhecidos. De estranhos, não. Só se os outros rirem.
Janta, sim, meu povo sempre falou da janta - substantivo feminino - quem falou que dicionário é regra? - E aqui eu vou concordar com o Chicão: uma cultura é um povo. Mais: um jeito de falar é a alma desse mesmo povo, ou coisa que se compare.
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