Monday, October 20, 2008

O que é remédio e o que é veneno?

A tabela periódica deve ser uma das maiores descobertas humanas. O que os químicos já fizeram a partir dela está longe, muito longe do que ainda podem fazer. E o que vale para os átomos vale, aqui também, para as moléculas. A bioquímica, em particular, e a indústria farmacêutica, em mais particular ainda, são áreas da ciência e da economia já muito bem estabelecidas. Só essa indústria, sozinha, gira no mundo valores da casa dos trilhões de dólares, e não pára de crescer. Novas tecnologias não param de surgir seguindo o carrilhão desenvolvimentista ocidental. Aqui, só o que conta é o lucro. A economia conseguiu, por hora, tornar-se independente do comando das nações. Logo, venda-se medicamentos! entre tudo o mais.

O curioso é que perdeu-se, com tanto avanço, a noção da própria saúde. Sabe-se que refrigerantes fazem mal, mas não se deixa de consumi-lo. O mundo desenvolvido é um mundo de obesos. Sabem que terão o remédio, a cirurgia ou, na pior das hipóteses, outra vida novinha em folha, outra chance, do outro lado do túmulo.

O mal que essa visão causa à Terra, às multidões do mundo! Pois consome-se, consome-se ainda mais, muito mesmo, até secar do outro lado. E claro que lá estão, as bocas famintas e negras, ou famintas e brancas, ou famintas e amarelas, e secas, enjilhadas, sem dentes. E os remédios? Consumidos como nunca. Abra os espelhos íntimos sobre suas pias e espantem-se ante os frascos, caixas e pomadas; loções, comprimidos, oléos, perfumes e curativos. Vá até o outro lado do mundo, o lado "seco" e verá como os corpos cuidam de si, muitas vezes com mais saúde (isso onde o ambiente não é desértico, e onde as populações não se matam nas guerras civis alimentadas pelos senhores da guerra internacional).

MAIS saúde? -- Eles não acreditarão nisso, nem se darão ao trabalho de investigar; eles, com seus frascos e caixas atrás do espelho. Continuarão COMPRANDO remédios para qualquer tosse.

Que seja. Mas esses remédios têm em geral efeitos colaterais nem sempre razoáveis. Associados aos hábitos sedentários da maioria, imagine o estado físico de nações inteiras! Esses indivíduos têm grande facilidade em serem pacientes de médicos estilo "linha de montagem", que raramente apalpam o corpo em estudo ou solicitam exames. Três minutos de perguntas diretas e remédio; é geralmente tudo o que temos.

E neste cenário surge a homeopatia. Não interessa ainda como funciona, uma vez que funcione. Mas se o placebo funciona - (placebo é uma dose inócua, geralmente feita de farinha, ministrada como controle no lugar de um novo medicamento sendo testado) - então tudo o mais funcionará.

Boa parte dos males que levam as pessoas a procurarem médicos são curados pelo placebo. São, no jargão da área, doenças psicossomáticas, ou seja, causadas pelo próprio doente. Ou são doenças comuns, perfeitamente auto-curáveis. Ou seja, o corpo humano reage à doença, fazendo exatamente aquilo que o sistema imune se especializou em fazer: reagir. Basta que se acredite numa cura, que se trabalhe e coma, que se durma e descanse, que se sorria e ame, e o corpo fará o que precisa. Quase sempre faz. Mas as pessoas não têm paciência em esperar, não sabem de nada disso, ou acham que devem tomar um remédio para "voltar logo ao trabalho", ou qualquer dessas desculpas esfarrapadas e sem sentido tão típicas da modernidade.

O que é remédio e o que é veneno?

Nossa ciência e nossa indústria estão bem avançados, até, mas nosso conhecimento sobre o que, de fato, cura, e sobre o que seja saúde, e sobre o que apenas enriquece um sistema já trilionário - este conhecimento é que retrocede dia após dia, morto em silêncio no seio das comunidades tradicionais, na memória dos velhos esquecidos, esmagados pelo crescimento do que ainda chamamos "civilização".

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