Wednesday, March 14, 2012

O Planeta de Schrödinger e o centro da atenção

O gato de Schrödinger é aquele meio morto, meio vivo até alguém abrir a caixa, um dos dilemas que a física quântica apresenta à física cartesiana. Se você olhar um inseto de perto, talvez não desconfie que há artrópodes menores do que certas bactérias, mas até onde vai o infinitamente pequeno? Pode ser mesmo infinito, e daí? É preciso estar atento ao mundo que nos cerca, muito mais valioso que essas distâncias microscópicas que aguçam a curiosidade de alguns e servem de armas para outros. Qual o ponto em estudar até o último peixe do oceano enquanto perdemos as principais espécies usadas na nossa própria alimentação?

Podemos pensar que há múltiplos universos, pois o infinitamente pequeno não é diferente, necessariamente, do infinitamente grande. Viaje na Terra para o Leste, por terra, mar e ar, e chegará ao ponto de partida. Deslize pelo Universo em linha reta, e também chegará ao ponto de partida, agora passando por uma dimensão extra. Um buraco negro é um universo em miniatura. A luz não escapa do nosso universo talvez pelo mesmo motivo que não sai de buracos negros. E, de qualquer forma, o que havia antes do início do tempo? Eu penso o tempo como um ovo. Não há ovo sem o bicho que o bota - a não ser os ovos moleculares que se podem formar por acaso. Populacionalmente assim, é de se esperar que existam vários universos, criando-se mutuamente como bolhas numa onda. E nós somos mais uma das coisas maravilhosas produzidas ali pelo meio.

Mas se o Universo pode ser só um bebê numa família extensa, isso não impede que outros universos existam paralelos ao nosso - sobre o nosso, como parece acontecer com o gato de Schrödinger. Tudo pode acontecer ao mesmo tempo, e a verdade se faltar aos últimos olhares. Quem só quer ver uma coisa, só vê uma coisa, mas o que é visto por um é real? E o que é visto por dois? Três? Dez milhões? Existirá mesmo este real de que falo, ou só as ilhas convencionais e coletivas? O racional crê que a explicação mais simples é sempre a mais certa, quando não foi bem isso que Occam estava pensando. Como os sábios antigos, devia lembrar-se das exceções com frequência. E entre essas exceções está a possibilidade do impossível, que a mente científica moderna não suporta conceber.

No afã de tentar explicar tudo, perde-se pelos labirintos da matéria e abre a guarda do que lhe é mais precioso: o meio.

Às vezes o gato pode estar morto e vivo ao mesmo tempo, mas nem por isso podemos esperar que os peixes caiam do céu todos os dias.

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