Para Lennon e McCartney II
Porque vocês não verão meu lado equatorial, não precisa medo não, mas me sinto mal. Porque vocês só sabem da sua pobreza-riqueza urbana, o "cosmopolitan way of life" que relevam em mais alto grau; dificilmente sonharão com sons inumanos que não sejam artificiais. Mesmo assim há flores aqui; a floresta não distingue ninguém, mas é dura. Corpos urbanos nem lembram que trazem sangue, pensam num corte com um medo infantil, sem saber que a parede mais limpa de suas ruas é dez vezes mais suja que o chão de barro do mato. Porque você não verá meu buriti, meu seringal, não saberá o que é subir em árvore, pular da ponte, bicho-de-pé e atiradeira, que saúde é ver passarinho no ninho e banho frio de rio, que felicidade é beber água enquanto nada - e que isso tudo, todos os dias, existe cada vez menos, graças ao seu consumismo burro.
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