Saturday, April 09, 2011

Medo, ídolos e renovação

Monday, 27 June 2005
Now Playing: Cowgirl in the sand - Neil Young
Pensamentos gastos são a miséria que herdamos da Internet. Quantos lugares-comuns, frases feitas, propagandas batidas, promoções falsas e toda sorte de eternas trivialidades continuaremos vendo entre um clique e outro do mouse?

Só alguém bem velho talvez consiga dizer com acerto se uma juventude é mesmo diferente de outra, algumas gerações atrás. Mas me pergunto até onde nossa geração não é mais covarde e alienada que a maioria das gerações anteriores.

A Rede Globo nunca dominou o pensamento de cento e tantos milhões de pessoas antes da Revolução Francesa. Isso não te da calafrios? A Internet veio para o bem e para o mal, mas a maioria das pessoas lê com tanto criticismo as propagandas do iG ou do UOL quanto assistem as reportagens do Fantástico.

Na série Anos Rebeldes, exibida faz alguns anos pela Rede Globo (e reprisada depois, comentada, pela Futura), vários jovens tinham atitudes contra um sistema repressor, justamente talvez por causa da repressão. Havia alienados tambem, claro, mas eles são em maior número hoje ou àquela época?

Talvez nosso maior problema seja a liberdade e a individualidade tão caras aos nossos corações. Tanto egoísmo e o que se conseguiu em troca do respeito máximo ao indivíduo?

O problema ambiental, por exemplo, é triste e assombroso. E saber que nossos netos não terão acesso a uma cachoeira ou a um nascer do Sol numa floresta de verdade, com Árvores centenárias e até milenares, um banho num Rio puro, um Cerrado selvagem, com Plantas e Animais desconhecidos. Ou melhor, terão se puderem pagar caro por isso. Mas ninguém liga pra coisas que não conhece, quanto mais assim, no futuro, e aí está a armadilha.

Cada nova geração conhece menos a natureza, e por isso mesmo tem por ela menos respeito. Some-se a isso o egoísmo comum do "cada um por si e deus por ninguém", e o que temos são pessoas que se recusam a mudar consideravelmente seus modos de vida, e que rotulam de eco-chatos aqueles que valorizam o que é belo - o que toda a espécie sempre pôde desfrutar de graça, e que agora definha rapidamente.

Quais são seus ídolos? O que faz você apreciar ao máximo a vida? O que te impede de tomar uma atitude radical, de mudar sua vida, de tentar mudar o mundo? Mudamos mesmo o mundo? Das duas uma: ou há medo ou impossibilidade; pense nisso.

Posted by Rodrigo at 12:40 ADT
Updated: Monday, 27 June 2005 15:52 ADT

2 Comments:

At 10:35 PM , Blogger Prós said...

Essa parada do cara bem velho é boa.

Acho que a Rede Globo hoje domina menos. Esse texto é de 2005...? acho que de lá pra cá melhorou. Acho que a TV brasileira tá mais democrática, os telejornais de todas as emissoras são razoavelmente bons. Acho que diminuiu a hegemonia da globo. A bandeirantes está boa, a record, o sbt... é claro que não são todos os programas e há muita podreira, mas estou pensando naquele sujeito que não quer assistir merda. Ele tá conseguindo cada vez mais fazer isso. Há tbm a TV Brasil que passa coisas educativas toda hora e tal. Se vc assistir a TV hoje em dia buscando aprender e melhorar, vc consegue achar algo bom pra assistir em diversos horários. O que vc acha disso?

Enfim, é claro que os telejornais ainda servem à elite, ainda escondem as podreiras dos políticos de Brasília e mudam de assunto quando o tema é polêmico.

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Estou lendo finalmente a Fundação, e lá tem um planeta que é só uma cidade. Kalgan, se não me engano. Igual no Star Wars, que tinha isso também. Quero dizer, inclusive percebi também que o Star Wars 'se baseou' em muitas idéias do Asimov. Não era isso que eu ia dizer.

Eu ia dizer que mesmo as histórias, as mitologias modernas, elas não estão muito aí para o meio-ambiente também. O cara escreve uma história onde todo o planeta era uma cidade e isso era pra ser curioso, bonito e elegante. Não que eu ache, mas é como se vende. O que vc acha disso? O Asimov contribuiu negativamente para a mitologia que criamos para o futuro do planeta? E o Lucas tbm?

Aqui entulhados no complexo urbano não temos mais lembranças da selva e felicidade é igual a um dia sem muito engarrafamento. Isso nos basta. :¢

 
At 9:44 PM , Blogger Rodrigo said...

Concordo que a Globo domine um pouco menos, mas unida às outras poucas famílias que dominam a mídia brasileira, ainda fazem um estrago danado. Achar informação na Internet é para poucos. E na maioria das casas só pega mesmo as emissoras antigas.

As mídias agora dão um pouquinho a mais de informação (vc que está dizendo), mas no resto da programação continuam com a lavagem cerebral consumista, competitiva, individualista e desenvolvimentista. Numa reportagem mostram "a importância de reciclar latinhas de alumínio", nas próximas mostra como é feliz o casal X agora que compraram uma Hilux, etc.

Acho que estou um pouco menos otimista que vc (mas também não assisto mais televisão faz tempo).

Sobre Fundação - não acho que era questão de vender. Por pura coerência, um império distribuído em milhões de planetas poderia ter uma capital totalmente urbana, abastecida por outros planetas agrícolas, etc. Também não se falava tanto no assunto na época.

Mas acho que os autores de ficção científica em geral contribuíram mais para um tipo de otimismo irresponsável que para uma atitude de precaução em relação à tecnologia (aí sim, deve ser questão de vendas).

Mas claro que todas essas mudanças tecnológicas foram calculadas para dar MUITO lucro para os poucos de sempre. O pior é que hoje ainda é muito comum a crença de que a tecnologia conseguirá resolver esses problemas. Vamos ver. []s!

 

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