Sunday, June 12, 2011

Tempo

Minha máquina de escrever é agora um computador alugado.
O Sol das manhãs de domingo brilha sem nenhum compromisso de véspera.
Estou distante do poder mas perto de mim; longe do que outros admiram mas perto do Chão.

Alguns compassos de samba desfilam pela manhã, perturbados pela voz desconexa do espaço público.
Tudo seria perfeito se não fosse.
Quero dizer, toda manhã é perfeita quando a relembramos de longe.
Mas o cantar dos curiós já não mais adorna o alvorecer,
nem o cantar das cachoeiras rompe as pedras milenarmente.

Não aqui.

Aqui... só espero voltar.
Voltar para os sonhos abandonados, às vezes esquecidos.
Para as pedras no chão cujos nomes e memória me envergonham.
Para retomar as costuras do tempo deixadas para trás
na conquista de um sonho, uma esperança, ilusão.

Mas por fim se concluirá que todo sonho é ilusão,
e ainda assim, toda ilusão tem o seu gosto que anima o sonho.

E sem sonhos, somos todos mortos.
E de qualquer forma a vida evolui.
Sonhemos ou não.

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