Sunday, February 25, 2007

Duas coisas (sobre o Windows Vista)

1) O bem e o mal se camuflam mutuamente, ora um se faz passar pelo outro, ora o contrário.


2) O Windows Vista. Bonitão, mas feito sob encomenda para comer toda a sua memória e fazer você comprar mais, muito mais. Joguei o campo minado (Mineswepper, acho), com efeitos visuais meio Hans Donner em propaganda do Intercine. Abri o gerenciador de tarefas (Task Manager) na hora, e tentei lembrar de quanta memória o revolucionário Doom II exigia na época (1996, por aí). Acho que pouca gente tinha 32 MB na época. O jogo inteiro cabia em 16 disquetes formatados com 1.6 MB. Já deu 25 MB, descompactado devia dar 50 MB ou mais. E o Campo Minado, um jogo ridículo, que deve caber em 500 linhas de código, ocupa mais que um jogo com umas 30 fases enormes, cheias de monstros, demônios, armas, bolas de fogo e poços de lava radioativa: cravados 60 megabytes.

Agora consideremos quantas pessoas (ou quantos PCs) usam Windows no mundo, e quantos terão migrado para o novo sistema em, digamos, dois anos. Cada uma dessas pessoas deverá ter por volta de 1 GB de memória RAM, vamos dizer. Muitas terão 2 GB, para uma melhor "performance". E antigamente com 32 MB jogava-se Doom II. E hoje não estamos, necessariamente, manipulando bibliotecas digitais com o poder do pensamento. Estamos apenas escrevendo texto em preto e branco, editando tabelas, fazendo alguns gráficos, ouvindo música, navegando na internet e vendo alguns filmes. Nada que não se fizesse com 32 MB de RAM, desde que você tenha um sistema que não devore bytes com a ânsia de um dragão empresarial. Só pra contextualizar, hoje 100 MB são quase grátis. Há muito se supõe a relação de negócios entre Microsoft e empresas de hardware, com a primeira puxando as demais a velocidades astronômicas, e, lógico, fazendo todos lucrarem bilhões de dólares.

Aí entra o Linux e a filosofia do "software livre". Hoje a maioria dos leitores deste blog já usam o navegador Firefox, gratuito e bem mais confiável (i.e. trava bem menos) que o IE. Pensando bem, ainda não travou comigo. Nos órgãos públicos já há quem use Open Office e alguns departamentos já migraram para o Linux. Em breve teremos computadores com pouca memória e processadores mais simples e baratos, que farão apenas aquilo que já fazem, sem desperdício do trabalho de ninguém, nem mesmo o dos robôs construtores de chips de informática. A produção de softwares de uso comum continuará livre e participativa, mas conquistará a maioria dos usuários. Chegará, e não levará muito, o dia em que a informática parará, restando em evolução apenas as tecnologias de ponta para aplicações industriais e a indústria do entretenimento.

Existirá uma coisa hoje impensável, o computador simples, usado em inúmeras tarefas do dia-a-dia, e que funcionará como som, TV, telefone, editor de texto, biblioteca, relógio, despertador, controlador de luz e temperatura, entre outros. Todos terão acesso a ele, pois custará muito menos que uma TV atual. Outra coisa será o computador de ponta, para quem trabalha com geoprocessamento avançado ou análises estatísticas poderosíssimas, ou ainda para quem quiser jogar o que houver de novidade na área de realidade virtual.

Quando apenas a indústria da informática cair à posição ainda assim ruim de "sociedade desigual", com uns poucos tendo computadores de ponta, e a maioria tendo computadores baratos, já teremos chegado a um quadro muito melhor que o atual, onde todos precisamos comprar máquinas de dois mil reais, apenas para sobreviver no mundo digital, enquanto a maioria não tem computador algum.

1 Comments:

At 4:23 PM , Blogger Unknown said...

Nada mais solitário que nosso mundo individualista que nos força a trabalhar muito, longe de tudo, de todos....saudades Rodrigo! abraços!
Em breve estarei indo embora...para bem longe....é vou abrir as "asas" mais uma vez...

 

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