Sunday, November 18, 2007

Erros de ricos e pobres

Busco um novo sentimento, que os sentimentos da cidade estão já orvalhados de tradição e modernidade. Quero o que não é nem um nem outro. Quero o genuíno, livre de preceitos, regras, preconceitos. Se a covardia é moeda corrente, quero ser indigente. Precisar duvidar é imoral? Quero então queimar os santos! Deus não me livre do mal, ou como reconheceria o bem? E que reino é este, que nega os instintos? Moscas sem asas seriam ainda insetos? Humanos vestidos, desejos camuflados, casamento apenas para homem-mulher, e até que a morte os separe; quem ditou essa fórmula chegou a experimentá-la?

Os séculos passados, quem sabe milênios? aprisionaram toda liberdade humana no cálice do cristianismo. Recentemente esse cálice foi quebrado, e no Brasil, mais especificamente em Minas Gerais, a sensação de liberdade vem sendo sentida aos poucos, primeiro nas classes nobres, educadas na arte da filosofia, e por último nas classes médias, muitas vezes recém-chegadas do campo, dotadas de poucas posses, senão a tradição. Some-se a isso a desigualdade social e a crise da modernidade, e temos dois grandes grupos de pessoas: de um lado, os novos ricos, que querem usar sua liberdade recém-conquistada, enriquecer ainda mais, usufruir dos luxos, confortos e benesses a que antes não tinham acesso, mas sabiam que existiam; e, por outro lado, os que nunca tiveram acesso a nada disso, e sequer têm perspectivas de ter, e permanecem assim aferrados aos dogmas religiosos que garantem a virtude de sua inferioridade social, e prometem uma sobrevida superior, mais digna, mais feliz e mais próspera.

Até onde vejo, são duas classes incompletas, infelizes e incorretas: os primeiros, por acreditar que a felicidade é proporcional às conquistas materiais, quando isso só é verdade até o patamar da simples dignidade. A partir daí, cada ganho implica ou mais trabalho, ou mais corrupção, não atrai amigos verdadeiros nem garante momentos mais felizes ou maior aprendizado. Os grandes clássicos, cuja leitura mais nos ensina, não custam mais caro.

O outro grupo, que eu chamaria de analfabetos filosóficos, têm na tradição e na esperança religiosa seu único amparo, e com isso perpetuam preconceitos milenares, repetem erros históricos e fecham os olhos para novas oportunidades morais e para a felicidade e os direitos intransferíveis dos que não concordam ou não cresceram conforme os seus preceitos.

No mundo moderno, onde o esgotamento dos recursos naturais causa a multiplicação da pobreza em diversos aspectos, afetando todas as classes sociais, os primeiros pecam por agirem indiferentes a isso, e os últimos por ignorarem o problema.

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