Wednesday, December 13, 2006

É

Seu corpo sujo se atritava sob o meu peso, indo e voltando como ondas na praia, não! numa tempestade! com ímpeto, fúria e volúpia, peso e volume; era a pedra do templo, o altar sagrado, a ressurreição da carne; era o mais profano e sagrado de todos os atos repetidos cotidianamente desde sempre, era a aurora da graça, prosopopéia não-sei-de-quê, que toda palavra jamais chegará a conhecer. Era ele debruçado no colchão velho, gemendo, rebolando, desmanchando de tesão e desfazendo-se em suor, gritando, gostando, sorrindo e implorando por mais, mais, mais forte, mais rápido, mais fundo, mais de mim, muito mais; e eu, daqui, dividido, exaltando ora tudo aquilo, ora a existência como um todo, que tinha sido até então tudo menos aquilo - e não podia, portanto, ser altar, ou templo, ou salvação, ou memória...

apenas era.

1 Comments:

At 12:55 PM , Blogger Rafa Pros said...

Muito bom mesmo...Acho que a poesia pode e deve ser suja, carnal, racial, genital, homossexual...mas se ela for bela, transcende cor, raçça, sexo...

é a maravilha da arte...materialidade vira idealismo..vira sentimento...Particularidade vira genérico, sem deixar de ser pessoal...
to viajandão...
foda mesmo!

 

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