Marari
Marariguardo de ti
tuas curvas
tuas chuvas
tuas serras
tuas águas claras
dilacerando rochas antigas
teus ventos impetuosos
acariciando o dossel
como um machado
tuas nuvens graves
teu céu azul
teu humor inconstante
tuas aves, teus insetos
tua vida murmurante
tuas sombras e clareiras
tuas lianas e palmeiras
tuas praias ribanceiras
calmaria de lua cheia.
Guardo de ti tua bravura
o sorriso do teu povo
forte e independente
seu afeto inocente
sua justiça estranha
incerta e intermitente
suas dúvidas ingênuas
sua ganância ainda pequena:
bons selvagens numa terra distante
ou natureza humana em corrupção galopante?
Não espero de ti a resposta
Marari, gigante barrento
pois sei que o Padauiri
teu destino certo e lento
traz a mesma dúvida posta -
que o futuro do rio
é o futuro do homem
e o destino de ambos
aguarda, sem pressa, à margem
insensível à paisagem
indiferente ao tempo
só se lembra assim,
de passagem
quando, num súbito vento
surge a triste imagem
de que o rio
se torne miragem.
0 Comments:
Post a Comment
Subscribe to Post Comments [Atom]
<< Home