Alguém tem culpa?
Eu só fui ver de perto, entender e apreciar os movimento sociais, quando estava na faculdade. Nem no Ensino Médio, num colégio elitista como o CEFET-MG (por isso mesmo?!), cheguei a saber sobre questões como a reforma agrária, a monocultura do agronegócio como berço de inúmeros males, o sentido do neo-liberalismo, a degradação ambiental e todas as questões que pautam a agenda para um mundo mais justo.Por que fui ver tudo isso tão tarde? Vou me lembrar sempre do Rúbio, que era dos poucos alunos da faculdade, do curso diurno, com menos dinheiro que eu (ou tão pouco quanto), e que - provavelmente - só por isso desenvolveu essa curiosidade de tentar entender o mundo para poder mudá-lo. O resto das pessoas, hoje me dou conta, nadam no mar ideológico das elites. Pior, sem serem poderosos, mas apenas essa "classe média", média-alta, às vezes ricos de fato, que parecem ter aprendido dos mais poderosos no mínimo esse desdém quanto às questões sociais.
Assim, a violência é culpa da impunidade e falta de cadeias, não de um sistema míope e opressor; o índio é um empecilho ao desenvolvimento, não uma cultura valiosa porque diferente e sábia; a felicidade está no dinheiro, não na sabedoria; o trabalho deve ser cumprido, mais que sua criatividade cultivada.
Entre tantos revezes, me espanta os tantos que ainda "cultos" se rejubilam na religião (e ganham o sinal verde dos que apenas a toleram e respeitam). Os temas do mundo estão além do seu discurso porque seu discurso está no além do mundo.
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