Thursday, July 24, 2008

Em busca do novo

Para construir algo é sempre preciso destruir outra coisa. A mudança exige destruição. Mas é a mudança necessária? Não, ela apenas é. O mundo muda a todo instante, o rio nunca é o mesmo rio. Se tudo muda, então o que destruir? O conservadorismo não é nem nunca foi uma opção. É antes uma negação, um fechar os olhos para o que deve ser destruído; uma mentira. Querer manter as coisas como são -- em oposição a aceitar o curso da mudança ou mesmo favorecê-la através da destruição -- é o objetivo das mentes apegadas, cômodas e sem vitalidade. A vida parece buscar o novo.

Mas toda mudança envolve um risco, as coisas podem melhorar ou piorar. A sociedade em seu eterno conflito entre os jogadores talvez esteja fazendo as perguntas erradas. Não devemos nos perguntar o que manter, mas o que destruir. Destruir a fome, a desigualdade, a corrupção -- isso já foi dito, é incessantemente repetido, na mesma medida em que não é alcançado.

Quando um homem não suporta discutir suas crenças, é porque teme perdê-las. Para ele, o mundo sem essas crenças é cruel demais, selvagem, sem sentido. E, entretanto, é possível criar sentido a partir da ausência de sentido. Melhor, apenas o sentido criado é melhor que o sentido dado. Cada pessoa deve estabelecer o seu próprio sentido do mundo, e quando esse sentido entra em contradição com o sentido de outrém, nada poderia ser mais desejável que isso, nada mais digno ou sagrado. "O paraíso é o lugar onde argumento e veneração são a mesma palavra."

Não existe ganho maior que a perda convencida de uma convicção. A criação de novas convicções, igualmente provisórias, pode e deve acontecer por toda a vida, e nenhuma convicção é tão sólida que deva ser mais apreciada que a possibilidade de ser posta em xeque.

A maior parte da história da nossa civilização tem sido justamente o contrário, tem sido a afirmação e a defesa de dogmas improváveis, o repúdio à discussão, um eterno e retumbante NÃO ao crescimento e à mudança, um não à própria vida. A sociedade ideal será aquela onde as pessoas terão prazer em questionar, duvidar, argumentar, concluir, mudar de opinião, aprender, aprender a duvidar. Só em tal sociedade estaremos livres dos sacerdotes das verdades improváveis sustentadas pelo medo e pela culpa, aliados do Estado corrupto e irmãos siameses da má-educação e da crítica aleijada e incompleta.

Falta dizermos: Basta!

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