Saturday, November 28, 2015

Monoteísmo: de todos os mitos, o mais bárbaro

"Se hoje não precisamos mais dos mitos para responder às perguntas elucidadas pela precisão científica, eles ainda são a melhor fonte para conhecer o percurso do pensamento do homem e para nos encantar com sua singeleza, beleza e fantasia." - da orelha de As melhores histórias da mitologia (Franchini & Seganfredo) - http://www.miniweb.com.br/literatura/Artigos/100_melhores_mitologia.pdf

Mas a verdade é que precisamos sim, e muito, dos mitos. Afinal, na disputa entre ciência e religião, a segunda tem levado vantagem cada vez maior, e não só sobre a ciência, mas também sobre todas as outras formas de conhecimento humano: mitologia, filosofia, arte, música, dança, cinema, escultura, história... É preciso mostrar que a religião também é mito, e que outros povos, hoje, ainda vivem em sistemas de pensamento abertos, criativos, hiperadaptativos, conservadores da Natureza, mais próximos da mitologia que da religião monoteísta. A religião monoteísta, perto da mitologia, é bárbara; e cria "mitos" sobre como indianos e chineses são "maus", para assim esconder de seus cidadãos a sua própria barbárie.

Não é à toa que seus cursos de "mitologias e lendas" sejam virtualmente restritos à cultura greco-romana, como no livro acima. O mesmo se repete nos cursos de filosofia e nas "enciclopédias de filosofia" que vemos nas livrarias: ausência completa da parte do mundo que não segue o pensamento maniqueísta, melodramático da mente judaico-cristã (O Ocidente) e mulçumana. Curiosamente o berço do Islã é chamado de "Oriente" Médio, quando nasceu do mesmo ventre que gerou o que chamamos Ocidente. Já o Oriente -- junto com a África, Polinésia, Amazônia... -- segue inteiramente desconhecido. E a maioria dos poucos que aí se aventuram só vão até Buda. Talvez porque Buda seja mesmo um pouco parecido com Jesus. Mas talvez seja mais parecido com Laozi, "pai" do taoísmo. Mas Buda serve a interpretações mais "judaicas" (monoteístas), já que Laozi seja, talvez, radical demais, profundo demais, livre demais para um povo que se deseja escravizado.

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Dao De Jing (Tao Te Ching, Tao Te King, 道德经,道德經...): o livro da Natureza e da Espontaneidade : http://dao.url.ph/_DaoDeJing_.pdf
(ou livro do Caminho e da Virtude, como dizem alguns.)

Monday, November 23, 2015

Economia brasileira em crise?

"Há tempos o lugar que produz coisas e não consome muito, a China está determinada a restabelecer o equilíbrio. E assim, dizem alguns, recuperar a conturbada economia global"

"Long the place that makes stuff and doesn’t consume much, China is set to redress the balance. And thus, some say, rescue the troubled global economy" - http://chinadailymail.com/2015/11/18/can-chinas-consumers-save-the-world-economy/


"Líderes do G-20 demonstram preocupação que questões de segurança poderiam sabotar a já enfraquecida economia global"

"G-20 leaders signal worries that security issues could sabotage already weak global economy" - http://www.wsj.com/articles/security-issues-threaten-global-economy-1447687519
(grifos meus)


eu só queria que alguém contasse quantas vezes a TV brasileira fala "crise da economia global" e quantas vezes fala "crise da economia brasileira".

E vc fala que a TV mente e manipula e muita gente insiste que não (mas também não investiga).

E os funcionários da Caixa Econômica Federal fazem greve e penduram na porta do banco que "não existe crise no sistema econômico"?!!

Povo analfabeto, doutores analfabetos funcionais... dá nisso!

Wednesday, November 18, 2015

A certeza faz escravos

Não existem certezas. Existem níveis diferentes de confiança.

Certezas são perigosas. A fé é perigosíssima, pois é uma certeza sem evidências. Pior: contra as evidências.

Por isso a fé monoteísta é tão destrutiva. Funciona muito diferente da mitologia que lhe deu origem, que fazia - e ainda faz - as pessoas pensarem.

A fé monoteísta é uma imensa fábrica de escravos mentais, que tapam os olhos para mais de metade do mundo, apenas para acreditarem estar certos (ou fingirem acreditar, na maioria dos casos).

Pobres-de-direita e outros parasitas (ou hospedeiros?)

Capitães-do-mato: geralmente negros que durante a escravidão caçavam outros negros e negras que fugiam do "dono" e buscavam se refugiar nos quilombos.

Mulheres cristãs: pessoas do sexo feminino que defendem uma religião que ensina que mulheres (elas mesmas) foram criadas por um "deus masculino" com a função exclusiva de servir e respeitar os homens, além de permitir que procriem.

Homossexuais cristãos: pessoas - seja de que sexo forem - que defendem uma religião que ensina que homossexuais (eles mesmos) são doentes, e não uma variação comum na diversidade natural e na história das culturas humanas.

Pobres-de-direita: pessoas sem recursos, exploradas, enfraquecidas pela ganância dos mais ricos, e que ainda assim os defendem.

Ainda cabem aqui aqueles policiais de origem humilde, que invadem as favelas atirando em qualquer um, lutando contra os moinhos-de-vento da "guerra às drogas", onde uma droga é permitida pela Lei e pela Bíblia (Jesus transformando água em vinho), e outras drogas precisam ser demonizadas (Faustão se referindo à maconha como "cigarro do capeta").


E para justificar todo este absurdo, pretende-se que "a religião é uma questão individual".

Como se a religião monoteísta, depois de pisotear as culturas dos índios que aqui viviam e dos negros trazidos à força, NÃO tivesse esculpido a maior parte da nossa (i)moralidade! Como se daí não fosse "um pulo" até a maior parte do nosso universo jurídico! A ninguém causa estranheza que crucifixos estejam pendurados nos prédios públicos mais importantes do "Estado Laico"? Pode até causar, mas o mantra sagrado dos pobres-de-direita é "não pergunte"...

Tuesday, November 10, 2015

Crianças

Quando crianças, eu, meu irmão e um primo éramos grandes amigos. Costumávamos, meu irmão e eu, dormir no apartamento da família dele, e ele às vezes dormia em nossa casa. Não éramos pobres, mas estávamos longe de ricos. Estávamos mais para "classe média baixa", como dizíamos. Já nosso primo tinha condições melhores, o pai trabalhava como engenheiro, e ele dizia que eram "classe média alta mais pra baixa que pra alta", ou qualquer coisa do tipo, num tom que eu não sabia ao certo se ele estava sendo verdadeiro ou apenas modesto.

Lembro que, quando ele dormia em nossa casa, era para nós uma verdadeira honra. Disputávamos o privilégio de ceder a cama para o ilustre hóspede. Nosso primo tinha a idade intermediária entre nós dois, era mais novo que meu irmão e mais velho que eu, mas a diferença era pequena. Ainda assim, nosso primo era o mais alto e o mais forte dos três. Mas o fato de ter apenas duas irmãs o fazia apreciar bastante nossa companhia, e assim passamos juntos ótimos dias de verão. Pedalávamos pela vizinhança, caminhávamos ou íamos ao clube, do qual nossos pais e alguns outros parentes eram sócios.

Quando dormíamos na sua casa -- o que era raro, geralmente apenas um dos dois podia dormir de cada vez "pra não dar trabalho pra sua tia" dizia minha mãe -- lembro que a cama era sempre posta no chão para nós: uma porção de edredons, lençóis e cobertas, até ficar confortável o bastante. Das dezenas de vezes que devo ter dormido lá, era sempre o mesmo: meu primo dormia na cama dele, e eu e meu irmão dividíamos ou nos revezávamos no colchão improvisado.

Lembro que certa vez comentei com meu primo essa diferença: por que nós cedíamos as nossas camas para ele quando nos visitava (na verdade cedíamos as camas para qualquer visita), enquanto na casa dele dormíamos no chão. Não me lembro se falei isso na frente dos adultos, o que teria sido muito atrevimento, mas eu era um menino atrevido às vezes. A resposta foi algo como "para você e o seu irmão não brigarem nem terem que dividir a cama, que é pequena", mas era óbvio que era mentira, pois raramente dormíamos os dois ao mesmo tempo, e quando dormia apenas um, geralmente depois de uma festa de aniversário, o mesmo se repetia.

Lembro que uma vez, deve ter sido logo depois disso, meu primo me cedeu sua cama e dormiu no chão. Fiquei orgulhoso dele, e também de mim, e pensei: quem disse que não se pode mudar certos hábitos? Mas no dia seguinte, meu primo não parava de reclamar como havia dormido mal, como suas costas doíam, como até seus pulmões pareciam cansados, etc. Eu mudava de assunto, mas ele logo voltava praquilo. Não era ele mais forte que nós? Não era mais alto? Não praticava futebol e caratê? Como podia ser tão frágil? Talvez estivesse apenas preparando terreno para que não precisasse dormir outra noite no chão, o que realmente jamais se repetiu.

Com o tempo percebi que a fragilidade -- ou melhor, o egoísmo -- é um traço comum nas crianças ricas, sejam elas muito ou pouco mimadas. Descobri que as crianças ricas geralmente não cedem suas camas, que este é um traço comum às crianças pobres, seja porque assim lhes ensinaram os pais, seja por seu orgulho natural de tratar bem um convidado querido.

Descobri ainda que isso não se restringe ao "ceder a cama", mas também a muitas outras coisas que são normalmente cedidas, emprestadas e compartilhadas entre pessoas que às vezes mal se conhecem. "Tudo nasceu para ser compartilhado" escreveu Pablo Neruda, mas não é assim que essa gente vê. O que eu descobri foi que as pessoas que não cedem as suas camas também não cedem suas ideias, não se preocupam de verdade com os problemas dos outros, não buscam compreendê-los a partir da perspectiva alheia. Não podem fazê-lo. Talvez por dormirem tão pouco em outras camas (nós o visitávamos com muito mais frequência do que ele nos visitava), e por dormirem ainda menos no chão, talvez jamais se acostumem a mudanças abruptas de perspectiva.

Diga a uma pessoa de uma dessas famílias que o seu partido político ou sua religião têm derrubado as florestas e assassinado as culturas indígenas, e eles desviarão do assunto com mil pretextos, ou apenas fingirão que não ouviram. Enfeitarão seus discursos com frases como "eu amo os índios" para em seguida dizerem que é ótimo que tenham sido catequizados e evangelizados, e que agora são pessoas boas e salvas, sem os vícios que costumavam chamar de cultura e de personalidade. Certa vez um amigo do meu pai me disse que os índios são "a pior raça que existe", e eu o corrigi dizendo que os índios não eram "uma raça", mas sim centenas, milhares de etnias diferentes, com culturas, línguas, feições e temperamentos bastante distintos. E além disso, que "raça ruim" mesmo éramos nós, brancos, que só enriquecemos nos séculos anteriores graças ao trabalho escravo de índios, negros e mestiços, sempre com a benção da Igreja, como se Moisés já não houvesse lutado contra a escravidão em tempos apenas seletivamente lembrados. Naturalmente, foi como se eu nada tivesse dito. Na falta de argumentos, essas pessoas apenas muito raramente admitem que estão erradas.

Talvez por isso criaram essa moda de que "ninguém está errado, apenas cada um tem uma verdade diferente". Assim fica mais fácil para essa direita calhorda fugir do assunto. Porque, numa sociedade que acabava de acordar para a democracia e o esclarecimento, suas mentiras já estavam começando a cheirar mal.

Friday, November 06, 2015

A anti-filosofia/anti-mitologia monoteísta/judaica/cristã/islâmica

"Muitas questões filosóficas são ao mesmo tempo universais e inatas, como questões sobre vida/morte, questões sobre o que são as estrelas e questões sobre de onde viemos. Mas algumas exigem conhecimento para se interpretar corretamente."
e você entra numa livraria evangélica e pergunta onde fica a sessão de filosofia, faltam rir da sua cara (mas no futuro, como no passado, podem lhe atirar pedras).

Por que então os cristãos fogem do conhecimento?
Porque sabem que tendo conhecimento não mentiriam com tanta convicção -- correriam o risco de parecerem DESOBEDIENTES na frente de seus superiores, que esperam deles uma atitude de rebanho, uma atitude cristã -- que diz amém para tudo e perdoa (para todos os efeitos, ou seja, sempre no mundo das aparências) perdoa sempre os inimigos (no caso, os próprios superiores; ou pior ainda, os superiores destes, e assim por diante, até os corruptos que controlam todo o sistema econômico-político).
No ocidente judaico-cristão, Sarney é um eterno candidato. No oriente, Sarney se mataria no primeiro escândalo de corrupção.



Many philosophical questions are both universal and innate, like questions about life/death, questions about what the stars are, and quesitons about where we come from. But some require knowledge to interpret correctly.

http://www.fossilized.org/instruction/evolution_history/index.php?subtopic=Zhuangzi%20ponders%20change%20in%20species&week=1&topic=Ancient%20History%20%28up%20to%20408%20AD%29&topic_subdb=Ancient%20History%20%28up%20to%20408%20AD%29&subfield=Bronze%20age%20to%20the%20Silk%20Road