Se considerarmos só a sociobiologia, o pensamento evolutivo de que faz parte não faz parte das crenças de milhões - o que torna esses milhões defasados em pelo menos 150 anos da fabulosa história da ciência - tudo isso graças às igrejas.
Em nome de um embrião, e até mesmo um feto, defende-se que as meninas saudáveis não devem fazer fuk fuk, nem usar preservativos, porque a família é a maior instituição da vida social? Eu quero minha comunidade de volta! E depois as meninas também, caso fiquem grávidas (e olha que ela usava a pílula, não era por falta de camisinha doutor, mas uma hora a borracha estoura, ainda tá de 1 mês, o senhoer sabe, dizem que parece até um girininho. Brânquias, doutor!
- Não senhora, a senhora cuide bem da sua neta e deixe que sua filha desenvolva o amor natural à criança.
- Mas ainda um sapinho, doutor!
- Nem mais uma palavra minha senhora, que eu acredito muito na Bíblia, a senhora também eu estou vendo que tem a Palavra em casa.
- É. Tenho sim - suspira.
- Então vamos esquecer essa história e comemorar! Se eu for convidado venho com todo o prazer, viu! Trago até uma lembrancinha pra sua neta! e esboça um laergo soreeriso, enquanto esdferega as mãos umas nas outeras, já procuerando alguma coisa, olhando peros lados...
- É, pode ser neto também, né? - devolve à realidade o homem.
- Ah, isso, a gente dá um jeito.
Despedem-se.
A filha em questão - dêem-lhe o nome que for - não se acredita obrigada a crescer uma criatura - da espécie humana - com brânquias ainda em seu corpo. Simplesmente calcula que prefere estar mais preparada mais adiante. Afinal, a vida é dela, a filha, o corpo, ela deverá se dedicar mais do que ninguém, ela será mãe da sua própria família. Ou não. Mas foi legalmente obrigada a obedecer o desejo do doutor por população, por mercados.
Sexo, Drogas e Rock 'n Roll
Tuesday, May 18, 2010
Thursday, May 13, 2010
o que é riqueza?
riqueza não pode ser nem proporcional ao PIBporque riqueza não é consumo, material de consumo
isso é dinheiro e comércio
riqueza é qualidade
qual deve ser a riqueza dos povos? de cada povo? entre os povos?
iguais? diferentes?
alguns produziram mais máquinas, que as usem!
deixem-nos com a nossa riqueza.
ou vivamos todos como iguais.
e por isso, a guerra.
viveremos como africanos ou como europeus?
qual dos dois é o mais rico?
esqueça a mídia
vá até lá e viva um ano ou dois
depois tente responder: o que é riqueza?
Saturday, May 01, 2010
Falsas medidas, falsas esperanças
Tem-se medido o ser humano não por aquilo que é, mas pelo que pode tornar-se. Isso quando se mede alguma coisa.Os valores mais caros hoje são a individualidade, mais até que o dinheiro, que vem em segundo lugar. Dinheiro é ótimo, mas melhor que dinheiro é você cuidar da própria vida, ser independente, único, um: é nisso que se insiste. Na propaganda de automóveis nunca há um congestionamento, só um carrão e mãos brancas a dirigir por uma estrada deserta e limpa. Asfalto para carros da cidade, terra para os off-road, jamais uma cidade de verdade, nem uma região rural de verdade, nem um congestionamento de verdade. Nenhum ônibus, nada público, mútuo, comum.
O que mais pode o ser humano tornar-se? Não apenas corpo individual, mas pensamento individual. Religioso ou ateu, simples ou sofisticado, cada um em suas idéias, livre para navegar, mas sem nada para aprender ou ensinar. Sem nada para compartilhar. Apenas crime e entretenimento, o primeiro a nos manter confortavelmente trancados, o segundo a massagear nossas imaginações estéreis.
Ouço seu tom de voz e percebo quantas vezes ele sobe alguns Hertz. De mi para fá, de lá para dó, de ré para sol, oitavas inteiras - silêncio, serenidade, sentimento e ternura, o ritmo da Terra, nuvens, estrelas, quem os observa? Ninguém! Apenas o ritmo do zumbir elétrico, mecânico, eletrônico, ondas eletromagnéticas para transmitir informação alguma: Estou aqui, agora estou ali; mas meu pensamento não se aproxima de nenhuma fonte pura. Nenhum lugar onde o corpo pare e relaxe e se lembre da maravilha que o mundo é, ou foi, ou ainda é, menos e menos.
É tudo questão de ritmo. Viver em ................... é mais fácil que viver em ._._._._. ou ainda em ._____._____._____._____. ? Por que busca-se mais e mais do mesmo ao invés de se explorar as raízes profundas do que somos? Por que insistimos em satisfações cada vez mais efêmeras, em prazeres redundantes, em luxos sem sentido, mesmo sabendo que tudo isso não é o que procuramos? Pior, sabendo que tudo isso está destruindo aquelas belezas naturais que poderiam nos devolver o sentido esquecido? E por que não procuramos o que realmente faz sentido? Por que se viaja tanto para a Europa e tão pouco para a Amazônia? Tanto para os Estados Unidos e tão pouco para os poucos locais onde o povo ainda vive feliz perto da natureza? O que temos a aprender com sociedades industrializadas cujos cidadãos não são felizes, nem de longe tanto quanto os marginalizados que ainda sabem sorrir? Cantamos essas belezas nas canções, mas sabemos senti-las em nossos corações? Por que se diz acreditar numa religião que prega a evolução moral e espiritual e o desapego aos bens materiais, quando na prática se busca estar perto dos ricos, e não da verdade?
Será que houve alguma época onde a hipocrisia se fez mais forte do que hoje? Com tanta informação, o que é sensato se diluiu, e a desonestidade tomou o lugar da ignorância. Maus tempos, podemos pensar, mas nós fazemos o tempo, não apenas com palavras e atitudes, mas com posturas e pontos-de-vista. Adiante-se, modifique-se e sirva de exemplo. Cada um faz uma pequena diferença.
Os dilemas da energia sustentável
Quem conhece de perto os bastidores do poder ou perde de vez suas noções de ética ou vive em constante náusea. Participei de uma reunião sobre a criação de uma reserva natural em um dos últimos remanescentes da caatinga. Cerca de 80% deste bioma já foi destruído pela ação humana, e o que resta avança no mesmo triste rumo. A área em questão abriga uma grande variedade de espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção, uma vez que não ocorrem em nenhum outro local (e ao contrário do imaginário popular - que se concentra em esqueletos bovinos e cactos paupérrimos - a caatinga é um ambiente rico em biodiversidade). Além disso, paredões de pedra erguem-se em meio ao cenário abrasador, abrigando cavernas, pinturas rupestres e uma beleza cênica estonteante. Aparentemente a área será protegida por um parque nacional, mas parte dela cederá seu espaço e sua beleza para a instalação de usinas eólicas, aquelas estruturas imensas que se parecem com ventiladores, e que serão espalhadas às centenas no topo desses paredões rochosos, a uma distância de cerca de trezentos metros uma da outra. Estudos feitos no sul do país mostram que este tipo de geração de energia causa grande mortalidade de morcegos (que respondem por 25% das espécies de mamíferos em todo o mundo) e aves. Dois grupos ecologicamente importantes como polinizadores, dispersores de sementes, controladores das populações de outros organismos, como insetos, e assim por diante. Ou seja, as usinas eólicas não afetam apenas aves e morcegos: seus efeitos se alastram por toda a teia alimentar. Isso tudo para deixar claro que não existe este santo graal denominado "energia limpa". Toda forma de produção de energia causa degradação ambiental. Placas solares requerem a mineração de elementos químicos e sua produção em escala industrial, o que requer água e mais energia, gera resíduos poluentes, degrada o solo, requer a compra e manutenção de máquinas, que por sua vez exigem mais mineração, e assim por diante.O dilema não está entre construir hidrelétricas, usinas eólicas ou termelétricas. O dilema está entre gerar e economizar energia. No entanto, todos na dita reunião partiam do pressuposto de que a instalação das turbinas eólicas no último grande resquício de caatinga era algo inadiável. O governo está comprometido com a geração de energia a partir de fontes alternativas e renováveis, mas esconde os efeitos que essas palavras "mágicas" ocultam. Existe um programa governamental de eficiência energética, mas serve apenas para "inglês ver". Na prática, a construção de usinas, compra de equipamentos e contratação de mão-de-obra causa muito mais impacto político do que a única solução realmente ética (leia-se viável e sustentável no longo prazo): economizar.
O maior obstáculo ao avanço efetivo dessas idéias está na própria elite que governa: a coordenadora socioambiental do setor de energia eólica do Ministério de Minas e Energia é capaz de soltar pérolas do tipo "pode haver mortandade de aves, se é que há aves lá", e isso passa incólume, a não ser por alguns olhares mútuos entre os poucos presentes que perceberam o absurdo. Os funcionários do próprio ministério do meio ambiente não levantam a voz contra o desenvolvimentismo que visa apenas crescimento, enriquecimento e expansão eternos (ou melhor, sobre os quais não se discute fronteiras).
A idéia é gerar riqueza, "retirar as pessoas da pobreza". Mas fala-se apenas de riqueza financeira, ou melhor, da compra de eletrodomésticos e gadgets que tornam a todos semelhantes, satisfeitos em se sentirem parte de um "admirável mundo novo" do qual, no entanto, a instrução, a ética e o respeito pela coletividade e pelo ambiente se fazem cada vez mais ausentes. Há uma "moda" politicamente correta, mas esta se traduz em usar equipamentos que consomem menos energia, mas que são novos, caros e que exigem custos ambientais de mineração, transporte e assim por diante. Usa-se carros flex ao invés dos convencionais, há quem acredite que a solução seja carros elétricos, mas num planeta de quase sete bilhões de pessoas, onde os politicamente corretos defendem maior igualdade social, qualquer carro é uma agressão não apenas ao ambiente, mas à qualidade de vida nas cidades, sem falar na própria saúde das pessoas cada vez mais sedentárias.
A "opinião pública" está achando que a solução dos nossos problemas reside no aumento da tecnologia, o que é verdade até certo ponto. Mas o ponto principal é que devemos, na maioria das vezes, diminuir a tecnologia - retornar ao simples. Andar mais a pé, trocar o carro pelo ônibus, metrô ou bicicleta. Fazer mais coisas a mão, ao invés de depender de instrumentos elétricos. Lembrar que a saúde física e mental dependem do exercício, e que navegar pela internet, assistir TV a cabo e filmes estrangeiros jamais substituirão os livros e a conversa ao vivo (sem a interrupção de telefones celulares nem a máscara de óculos escuros). Nossa sociedade está perdendo a visão geral das coisas, e confiando cada vez mais em "provedores de conteúdo" cada vez mais poderosos, mais globais e menos preocupados com a vida local, os costumes regionais, a biodiversidade e a saúde de todos nós. Pior, quanto mais a natureza é destruída, mais pessoas saem do campo para os grandes centros urbanos, o que apenas acentua a alienação e alimenta o ciclo vicioso.
A saída reside em retornar ao simples. Em todos os aspectos.